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Foto do escritorSânia Fagundes

Vida de artista–escritora

“Todo mundo é escritor, só que uns escrevem e outros não”. José Saramago


Acordo. Respiro fundo! Levanto cheia de pensamentos e reflexões. Já vou direto para o guarda-roupa e coloco uma roupa de academia. As perguntas já começam a fervilhar na minha mente. Respiro bem devagar! Por um breve instante tento não olhar para a mesa com o computador. A vontade que tenho nesse momento é de sentar e colocar todos os meus sentimentos em palavras.

Resisto! Sigo para a rotina de cuidados com o rosto e logo em seguida tomo o meu café da manhã.

Amarro os tênis e sigo para a caminhada. Agradeço! Como a praça é tão linda! Deus e suas cores vestidas de natureza me aquecem o coração. As reflexões voltam a tumultuar a minha mente. Será que estou no caminho certo?

Tento não pensar nos boletos que me esperam, nas cobranças que a vida me impõe, nas opiniões alheias que insistem em me dar. Faço alguns alongamentos enquanto caminho. Escrever dói! E o pior é que só a escrita não me contenta. Tento desenhar também. Machuca muito! Sentimentos e desenhos estão grudados em minha alma. Acredito fielmente que a minha missão neste vasto mundo é de coloca-los para passear. E se ninguém ler? E os boletos? E a opinião dos outros? Continuo a caminhar. Preciso me exercitar.

Volto para a casa de consciência limpa e sensação de dever cumprido. Pelo menos do meu corpo, hoje, consegui cuidar. Entro rápido pela porta. Esta tática é ótima para as tarefas do lar não me chamarem. Trabalho no meu quarto-ateliê. Um verdadeiro desafio. O certo é estar tudo organizado, mas a realidade é bem diferente dos desejos. Respiro! Abro o computador e a felicidade me acompanha. Digito com rapidez e destreza o que me aflige e me faz pensar. Minha alma me acolhe e sinto uma calmaria. Felicidade! As palavras fazem o seu papel de formar um texto e informar ou até mesmo fazer sonhar.

Para se viver da escrita o ingrediente essencial é a fantasia. Sonhar é necessário. Sem utopia não há romance, nem conto e muito menos uma simples crônica. Logo depois vem o desafio de ilustrar. Alongo meu pescoço mais umas duas vezes. Pego o skethbook e solto a linha no papel. É a parte mais difícil! Sempre penso em dar o texto para uma ilustradora mais experiente que eu. Resisto!

Não posso ser ingrata. Foi o desenho que me fez escrever. O celular chama. Ignoro! Depois que o esboço está pronto, pego um papel de gramatura melhor e sempre vem a dúvida. Qual técnica usar? Amo lápis de cor, mas lembro da dor no braço. Me arrisco na aquarela. O pincel é mais leve. Sigo trabalhando e rezando sem saber ao certo o que vai acontecer. A mais pura verdade é que já me acostumei a viver na corda bamba. Respiro mais uma vez e sigo! Quando eu menos espero, minha arte já está pronta. Observo mais uma obra no mundo e sinto a satisfação de ver as coisas que venho construindo. É desafiador, mas sempre vale a pena.

Hoje o post foi um pequeno desabafo sobre como é um pouco a vida de uma artista! Não vou iludir vocês: é difícil, às vezes, quase impossível. Mas a minha realidade é que eu não consigo mais viver sem escrever. E você, me conta aqui, o que você não consegue viver sem?


Forte abraço,

Sânia Fagundes

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