“Sou profundamente brasileira e vou estudar o gosto e a arte dos
caipiras. Espero, no interior, aprender com os que ainda não foram
corrompidos pelas academias. ” Tarsila do Amaral
A Folha de São Paulo está lançando para as bancas de revistas, uma coleção de grandes pintores. Para quem quer aprender um pouco sobre o meio artístico é uma ótima oportunidade. São vários ícones da arte que não podemos deixar de apreciar. Comecei pela Tarsila do Amaral. Recomendo esta publicação porque as imagens impressas estão de uma qualidade sem fim e, para estudar pinturas, as cores são de total relevância. Parabéns, olha, pelo trabalho maravilhoso. Sem falar do preço (aproximadamente R$22,00) que, se compararmos com os livros de artes, que existem no mercado, está bem razoável.
Tarsila nasceu no dia 01 de setembro de 1886. Era virginiana e perfeccionista. Eba! Temos algo em comum. Ela morreu no dia 17 de janeiro de 1973, de depressão. Passou a infância nas fazendas de café do pai e, aos 16 anos, foi para Barcelona, onde teve seu primeiro contato com a pintura, fazendo várias cópias do Sagrado Coração de Jesus. Mais uma similaridade: também já pintei um quadro do Sagrado Coração de Jesus! É muito bom descobrir coisas em comum com nossos ídolos!
Voltando à história de Tarsila, ela começou sua formação artística no Brasil aos trinta anos, inicialmente na escultura e depois na pintura, entrando em contato com a arte modernista. Tarsila montou um dos primeiros ateliês de artista em São Paulo, onde teve alunos célebres como a pintora Anita Malfatti.
Sempre viajava à Paris, principalmente para estudar na Academie Julian, que se permitia ser frequentada por mulheres. Este fato a impressionava muito, sendo o retrato do feminino um tema recorrente em sua obra. Tarsila costumava falar que se sentia mais brasileira quando ia à Paris, onde podia se reconectar com suas origens através das cores e temáticas dos seus quadros.
A moda parisiense também era uma característica marcante em sua vida: Tarsila era vaidosa, estando sempre arrumada e bem vestida, principalmente com grifes francesas. Era colecionadora de obras de arte de vários pintores do mundo e gostava de tomar cachaça, iguaria que apresentou ao pintor Pablo Picasso.
No Brasil, formou o grupo dos Cinco, com Anita Malfatti, Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Pichia. Depois de se separar do médico André Teixeira Pinto, com quem teve sua única filha, Dulce, casou-se com Oswald de Andrade, presenteando-o com seu famoso quadro "Abaporu". Mas exigiu a pintura de volta quando se separaram.
Sua vida teve diversas tragédias: Tarsila perdeu sua única neta aos 15 anos, afogada em um lago em Petrópolis. Também se submeteu a uma cirurgia que a deixou sem os movimentos das pernas, devido a um erro médico. Esses infortúnios acabaram por aproximá-la do médium Chico Xavier, com quem trocava cartas.
Em sua obras, podemos observar cores vivas e muita personalidade. Suas soluções transitam entre a figuração e a abstração. Tarsila teve muitos momentos diferentes em suas produções, que eram diretamente ligadas as suas vivências pessoais. Em momentos de prosperidade, temos pinturas alegres, vibrantes e intensas, em momentos de depressão temos cores sóbrias e temas melancólicos. É impressionante ver como o artista projeta sua vida em suas obras!
Tarsila foi um expoente muito importante do modernismo brasileiro, que segue me inspirando todos os dias. Conhecemos fragmentos pessoais dos artistas à partir das suas obras, e com Tarsila não foi diferente.
Pra mim, o legado de Tarsila chega em diversas frentes: cores fortes nas minhas obras, interesse por moda e até cachacinha! E pra vocês?
Forte abraço,
Sânia Fagundes
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