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Foto do escritorSânia Fagundes

Pedras no caminho...pinto todas!

"Todos esses que aí estão Atravancando meu caminho, Eles passarão... Eu passarinho!"


Sempre gostei de carregar uma pedra. Será que é a minha mineiridade que faz com que

eu me aproxime de Drummond, com este gosto tão singular? Se tem uma coisa que me

fascina e me faz sonhar é observar uma rocha em um caminho inusitado. Examino o material e a cor. Fico indagando quais os processos que esta pedra já passou. Quanta sabedoria este mineral acumulou.

Já fiz uma série de obras que são inspiradas nas pedras. Comparei o poder das pedras com a força das mulheres. E, não contente, além de pintar, eu preguei várias pedras nos meus quadros. No meu autorretrato fiz uma blusa com pedras. Fiquei horas escolhendo a paleta de cores para poder compor esta peça. Sem saber eu estava pintando a minha personalidade de carregar as pedras e de me adornar com elas.

A palavra pedra é composta por cinco letras que, se trocadas, podem formar a palavra perda. Vez ou outra, precisamos perder para nos reencontrarmos. E podemos continuar brincando com estas letras e até, quem sabe, conseguirmos encontrar um sentido mais leve para tanto peso. Já carreguei muito fardo nos ombros, mas com ajuda da arte não carrego mais. Fiz esta opção! Fácil? Não foi, de jeito nenhum. Mas, no meu caso, foi necessário.

Pedras nos caminhos todos nós temos. Será que tem uma maneira correta de lidar com elas? Os processos são muito individuais. Eu pinto e transformo em arte.

Cada pedra tem o seu formato e a sua cor. Temos as preciosas e os simples cascalhos. Tem pedras opacas, translúcidas. Tem uma paleta de cor imensa e inusitada. Algumas pedras já vem com a arte pronta e, quando é este o caso, prefiro nem intervir. Outras pedras já me parecem uma tela em branco. As vezes só de olhar eu já consigo visualizar um trabalho.

Obviamente, a pedra não vem pronta para pintar. Existe todo um processo de limpeza e preparação de cada uma. Entre lavá-las, secá-las, pintar as bases e separar os materiais, tem toda uma conexão que vou criando com elas.

Para cada pedra, eu tento encontrar uma técnica de pintura. Tem pedra que gosto de pintar só com pontilhismo, tem pedra que gosto de pintar abstratos, algumas são propícias pra uma cena figurativa e, em outros casos, eu faço apenas pequenas intervenções. Já pintei um pássaro bem amarelo e leve em uma. Quem sabe assim o peso não se funde com a arte e se torna livre?

Se você quer transformar uma pedra em arte, pode entrar em contato que eu pinto o que você quiser com o maior prazer. Eu também tenho algumas prontas aqui no ateliê, para o caso de paixão à primeira vista. E você, o que faz com as pedras no seu caminho?


Forte abraço,

Sânia Fagundes

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