“ Filhos não são pedaços de nós. São pedaços de Deus que estavam em nós.”
Eu nunca ia imaginar que um coelho tão fofinho ia me trazer tanta alegria nesta vida.
A parte da fofurisse tenho que agradecer a ilustradora Nami Vianna, que fez o seu trabalho com tamanho esmero e dedicação. Obrigada, Nami! Foi na aula de Roteiro de Criação de personagens que a Rebeca Prado que ensinou a sair do desenho de observação e começar a criar. Obrigada, Rebeca! Toda quarta de manhã, no meu dia de folga, eu ia me divertir na Casa dos Quadrinhos. Obrigada, Casa! Lá eu me sentia livre e encontrei a minha tribo. O plano de ensino é tão detalhado e interativo que não tinha como não dar certo. Curiosa que sou, li toda a bibliografia sugerida e acabei me apaixonando por Scott McCloud, pois li duas vezes o seu livro Desenhando Quadrinhos. No último dia de aula, lembro que caí no choro quando recebi o feedback da Rebeca! Tenho a foto deste dia e guardo com muito carinho. Decidi continuar.
No semestre seguinte, participei de uma avaliação de portfólio na Casa. Cheguei bem tímida, com uma bolsa grande cheia de desenhos e algumas histórias, tudo no papel, não tinha nadinha digital. Nem tive a coragem de olhar para o lado. Respirei fundo e fui. Levei todos os meus desenhos e um pedaço da história da Bibia, que já estava em formato de HQ. Passei por vários professores e tive a sorte de ser avaliada por Vitor Cafaggi. Confesso que minhas pernas tremeram de emoção, ele falou que o meu trabalho era rico e que estava vendo amor nas minhas páginas coloridas. Me convidou para ser aluno dele que, por sorte, lecionava na quarta-feira, que era o meu dia de folga. Obrigada, Vitor! Foi na aula do Vitor que encontrei a Nami e aprendi que o processo é natural sempre. Ele nos orientou fazermos uma descrição do nosso personagem e pedir para um colega ilustrar. Na hora em que vi o desenho dela, não tive a mínima dúvida: aquele era o Sr. Coelho. Também tive a oportunidade de fazer um Workshop intensivo de edição de quadrinhos com o Sidney Gusman, na Casa. Obrigada, Sidney! Você me ensinou que o leitor tem que ter vontade de virar a página do livro.
Terminei os meus três cursos na Casa cheia de alegria e muitos personagens. O ano virou, minha carga de trabalho triplicou e não conseguia desenhar mais. Sem a magia dos desenhos e dos meus sonhos, comecei a passar mal. Já tinha a Bibia, mas ela era feliz demais para se encaixar na história que eu estava vivendo. Foi então que consegui adaptar o roteiro para o Sr. Coelho. Fiz um post aqui no blog, caso você queira conhecer melhor essa trajetória.
Com o incentivo da Nami, fizemos uma parceria e decidimos publicar o Sr. Coelho como um fazine. Apesar do texto praticamente pronto, publicar não é só imprimir. Daí entraram as edições, revisões, adaptações. O distanciamento permitiu que eu ressignificasse a história. Uma vez terminado o texto, partimos para as ilustrações: Nami sempre foi cuidadosa e competente para dar vida ilustrada ao nosso coelho. Ele ficou mais potente, agora que tinha mais amor. Faltava só virar livro.
Durante todo o processo, estava fazendo mentoria com a Rebeca Prado, que nos ajudou a gerenciar todas as etapas.
Eu achava que publicar era financeiramente impossível, porque eu nunca tinha passado por essa experiência. Decidimos pesquisar: precisávamos de uma impressão cujas cores fossem fiéis e um valor que coubesse no bolso. Olhamos várias gráficas, escolhemos uma. Daí é fechar arquivo, organizar tudo para impressão, enviar e lidar com o frio da barriga na espera.
Alguns dias depois, meu filho chegou. Que alegria! Ele era do jeitinho que eu sempre quis, a materialização do meu trabalho. A Nami produziu o conteúdo extra para o lançamento. Na Feira da Casa dos Quadrinhos, em junho de 2021, o lançamento da minha primeira publicação aconteceu!
Foi quando aprendi que sonhos são possíveis. Aprendi que posso trabalhar de forma independente e ver o resultado desse trabalho. E é muito trabalho! Além de produzir, editar e imprimir, preciso divulgar, gerenciar os pagamentos, prospectar meu trabalho. Lidar com a ansiedade dos feedbacks, alinhar as expectativas. Mas não troco essa vida por nada!
Abaixo, algumas fotos do Sr. Coelho ganhando o mundo:
Hoje em dia me sinto livre, leve e solta. Quando leio a história imagino que quem passou por tudo aquilo foi o nosso coelhão. Foi libertador! E quando recebo o feedback dos meus leitores fico feliz e emocionada de ver o meu primeiro filho exercendo o papel dele que é o de informar e mostrar que, com ajuda médica, tudo tem uma solução. Obrigada, Sr. Coelho! Não posso terminar este post sem agradecer a minha psiquiatra, Cynthia Marcuzzi e a minha psicóloga Adriana Freire. Vocês brilharam!!!
Também gostaria de agradecer vocês, leitores, que são verdadeiro motivo de tudo isso. Sem essa troca, nada existiria.
Se você quer garantir seu exemplar, é só enviar um e-mail para saniaaraujofagundes@gmail.com ou comprar pela loja online!
E, já estamos em busca do próximo projeto! Aguardem!
Forte abraço,
Sânia Fagundes
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