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Foto do escritorSânia Fagundes

"Luz e Trevas": a dubiedade de uma obra questionadora

“O artista é a mão que ao tocar nesta ou naquela tecla, obtém da alma a

vibração justa.” Wassily Kandinsky


Antes de olhar para a tela em branco é necessário construir a narrativa do quadro. A literatura é sempre minha aliada neste momento. Para o quadro que vou apresentar hoje, usei nada menos do que um dos livros mais vendidos do mundo, a Bíblia. E, para ser mais especifica, leio bíblias ilustradas porque mato dois coelhos com uma cajadada só. Me aproximo de Deus e aprendo a desenhar melhor.

Depois de me conectar com este livro sagrado devaneei que Deus gosta de lavanda. Aí já entra a minha fértil imaginação, porque ainda não achei trecho nenhum falando que Deus tem preferência por esta flor. Usei a cor violeta cobalto da Acrilex. Pena que minhas obras ainda não têm cheiro. Se tivesse, este quadro ia ser com aroma de Lavanda.

Só de olhar para este tom fantasiei que Deus estava em um vale repleto de uma vegetação densa e de um verde muito profundo. Então foram surgindo outros pigmentos com suas próprias vibrações. Me joguei na arte abstrata e fui tentando decifrar a intensidade e o espirito daquela obra. Sempre que pinto abstrato lembro de Kandinsky, que procurava na alma dos objetos as manifestações de seus sons interiores.

Vou virando o quadro e acrescentando um pouco de água para brincar com as formas. Chega um momento que já não tenho o controle de mais nada.

Meu dever é aquietar o meu coração e esperar o quadro secar. Ansiosa que sou vou trabalhando com minha paciência. É um momento de reflexão e introspecção, pois no outro dia tudo muda. As cores se aconchegam e consigo dar mais uns detalhes ressaltando o que quero mostrar naquele trabalho.

Volto ao tema da obra e enxergo linhas, formas, traços e objetos. Uns deixo mais ressaltados, outros mais sutis. Abro espaço para o observador identificar o que o coração dele estiver pronto para seguir. Vou colocando mais véus de cores, tentando ir chegando ao resultado final. Brinco com delicadas transparências para aumentar o ar de mistério e fantasias. Observo bastante, de perto e, principalmente, de longe.

O quadro sempre me avisa quando é a hora de parar. Quem sabe não é Deus falando que já cumpri a minha missão? Pinto a lateral com esmero e fico feliz de levar cor, esperança e aconchego para quem vai observar o resultado final. Nenhuma obra fica igual a outra, posso ler o mesmo livro, trabalhar com a mesma cartela de cores e até o mesmo tamanho da tela, que o resultado é sempre diferente.

Batizei de "Luz e Trevas". É uma tela de 100 x 80 cm e está disponível para a venda por R$2.000. Mas, pra quem chegou até aqui e compartilhou este momento comigo, tem 10% de desconto. É só entrar em contato pelo e-mail ( saniaaraujofagundes@gmail.com ) ou pelo meu Instagram.

O legal disso tudo é receber as reflexões dos observadores. Neste quadro teve quem enxergou a luz de Deus sem nem ter lido sobre o processo de criação. Teve quem viu garrafas e cobras. Teve quem viu um processo de evolução de uma pessoa subindo as escadas. Teve quem amou e ao mesmo tempo quem ficou intrigado com as informações. E você, me conta aqui, o que conseguiu enxergar?


Forte abraço,

Sânia Fagundes

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