“Árvores de nuvem e flores do mar,
Levai-me a esse mundo do Rei Guignard.”
Cecília Meireles
Quando fui para Ouro Preto, em setembro deste ano, o primeiro lugar que eu entrei foi no “Museu Casa Guignard”. Me senti em casa, foi como se eu conhecesse cada pedrinha daquele espaço. A conexão foi imediata, mesmo nunca conhecendo o artista pessoalmente. Eu só sabia do Guignard através das palavras da querida pintora Yara Tupinambá, e pelas inúmeras visitas que já fiz à faculdade que tem o nome dele, aqui em Belo Horizonte.
Entrei no museu e, imediatamente, comecei a mergulhar no universo de desenhar e riscar sem medo nenhum, como ele próprio dizia. A sensação era que eu estava no lugar certo, na hora certa. Foi surreal! Me soltei e absorvi cada ensinamento do Mestre. Mais tarde, ao chegar em Belo Horizonte, me debrucei em cada obra que ele nos deixou e agora tento seguir os seus passos para aprimorar o meu trabalho.
Alberto da Veiga Guignard (1896 – 1962) nasceu em Nova Friburgo, perto de Petrópolis. Ele foi um dos maiores pintores modernistas brasileiros. Depois de viver 21 anos na Europa com a família, voltou ao Brasil. A sensação de estar de volta ao país está pintada em muitos de seus trabalhos. Basta apreciarmos a maestria com a qual ele retrata o Jardim Botânico através de vários ângulos, luzes e cores.
Mas o seu amor mais profundo foi pela cidade de Ouro Preto, lugar em que ele foi sepultado. Lá ele não só pintou cada pedacinho da cidade como ensinou para muita gente o ofício da arte. Seu lema era liberdade com disciplina.
Não foi à toa que o presidente JK o escolheu para ensinar arte em BH. Ele mostrava
para os alunos como ver, o que observar e como retratar da melhor forma possível. E não é que continua ensinando?
Temos vários objetos pintados por ele, diferentes tipos de materiais como violão, cadeiras, artefatos, cartões e quadros. Flores em todos os móveis, bilhetes coloridos e eximiamente bem desenhados. Além de pintar cada pedacinho de Ouro Preto e de Mariana, ele também retratava pessoas comuns dando uma grandeza a estas pessoas. Deixou mais de 1000 quadros e é impossível saber aonde todos estão, uma vez que o artista gostava de presentear com suas obras. Não é que temos muitas coisas em comum? Também gosto de presentear com meus quadros e adoro desenhar um cartão.
Quando estou dando aulas sempre falo com os meus alunos que é nos ombros dos gigantes que a gente aprende a enxergar melhor. Agora, conhecendo mais detalhadamente o belíssimo trabalho de Guignard, sei que tenho que aprimorar a minha caminhada e vou contar com o exemplo dele. E o meu próximo quadro vai ser “Flores para Guignard”, uma singela maneira de agradecer ao querido mestre.
E você? Já conhecia o trabalho de Guignard? Tem algum mestre que te impulsiona a aprender melhor? Me conte aqui que vou adorar saber!
E só mais um pequeno detalhe: quando for a Ouro Preto não deixe de visitar o “Museu Casa Guignard".
Forte abraço,
Sânia Fagundes
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