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Foto do escritorSânia Fagundes

Exposição “Portinari Raros”

“É preciso haver uma mudança, o homem merece uma existência mais digna.

Minha arma é a pintura”. Candido Portinari


Quem é de Belo Horizonte já tem uma grande intimidade com Candido Portinari. Afinal, levante a mão quem tem uma foto na Igrejinha da Pampulha! Eu tenho! Sempre fui encantada pela a pintura de lá, tanto os azulejos externos quanto os murais internos.

Para conhecermos melhor o artista, a mostra inédita do CCBB traz mais de 45 obras pouco ou nunca vistas, que revelam a diversidade do seu trabalho. A mostra fica em cartaz até o dia 07/08/2023, com entrada gratuita.

Toda a exposição foge dos parâmetros comuns de apresentação da obra de Portinari. Uma breve mostra das obras mais famosas abre a galeria, mas a partir daí entramos em um universo particular que mostra de forma mais honesta o processo do artista. Entre telas, desenhos, instalações e até cerâmicas, percebemos a versatilidade de Portinari e os muitos desdobramentos das suas obras.

Fiquei inebriada pela tela “Baile na Roça” e perplexa com a história desta pintura. Quando Candido tinha vinte anos pintou esta obra com a intenção de vencer um concurso da Escola de Belas Artes, cujo prêmio era uma viagem à Europa. Ia ser uma bela oportunidade para um jovem ter a brecha de estudar no Velho Continente. Infelizmente, o trabalho foi recusado por suas pinceladas soltas e cores vibrantes. Desgostoso, o artista não quis mais saber da tela.

Imagina se Portinari pudesse ao menos sonhar que, hoje, este trabalho estaria exposto para muitas pessoas terem a chance de apreciá-lo. Cada quadro é um filho que soltamos no mundo. É impossível saber qual a trajetória ele vai seguir. Tenho certeza que Candido ia ter muito orgulho desta obra se soubesse o futuro da sua carreira.

Adorei ver, também, os desenhos do artista. Quanta genialidade ao soltar a linha no papel. “O desenho está para a obra de Portinari como a língua materna para um poliglota: era ali que ele dava vazão aos fluxos criativos de seu imaginário. Ofuscados como estudos para obras maiores, nele se encontram as imagens frescas, o primeiro original, a arte bruta. ”

“Durante um período já doente, quando teve que se afastar das tintas a óleo, Portinari voltou ainda mais intenso ao desenho, concebendo os traços fortes da segunda metade dos anos 1950. Seja a prática de estudos ou as refinadas composições a bicos de pena e nanquim, os desenhos de Portinari compõem expressões de genialidade em plena liberdade criativa”.

Ao longo da exposição podemos perceber alguns pontos sobre trajetória pessoal de Portinari: desde o engajamento da sua arte como ferramenta política ao próprio desenvolvimento do traço. Entre as peças mais clássicas e mais modernas, conseguimos analisar todo o seu processo de experimentação.

Vocês não podem imaginar a felicidade da professora de desenho aqui ao ver que ele trabalhava com círculo cromático, ponto de fuga e composição.

Estes são os fundamentos que mais tento explicar para os meus queridos alunos. Ver que os grandes trabalham com teorias em que eu acredito não tem preço!

Em apenas um post é impossível escrever toda a feliz experiência que tive no museu. Só tenho a elogiar a equipe do CCBBBH e convidar vocês, meus queridos leitores a irem prestigiar a mostra.


Forte abraço,

Sânia Fagundes

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1 Comment


Helen Pavan
Helen Pavan
Jun 22, 2023

Gosto muito de suas postagens...imagens, fotografias, pinturas, mas, principalmente dos seus textos. Objetivos, bem escritos...na verdade seus textos sao palavras que saem da sua alma e coraçao. Acompanho voce...desde sempre...Bjo. Parabens!!! Seu pai com certeza esta muito orgulhoso de voce.

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