“Mergulhamos nesse universo em que acreditamos e encontramos, através da
arte, a melhor forma de expressar aquilo que sonhamos. ” OSGEMEOS
Com seus personagens amarelos inconfundíveis, os artistas Gustavo e Otávio Pandolfo estão com suas obras expostas no CCBB. Além dos grafites, desenhos, pinturas, esculturas e instalações, a exposição conta com um núcleo inédito composto por obras da mãe dos dois, Margarida, com seus lindos bordados. Como é bonito ver uma família comungando da arte.
Sempre fui uma grande admiradora destes irmãos.
Eles nasceram em 1974, ou seja, são da minha idade. Não é que temos alguma coisa em comum? Tem muito tempo que acompanho a trajetória deles. Tenho a revista Vogue em que eles foram convidados para fazer a capa e transitaram maravilhosamente pela moda. Citei
o processo de criação deles no meu TCC e fiquei emocionada por poder ver seus lindos sketchbooks. Confesso que fiquei horas dentro do museu extasiada com tanta criatividade.
Sempre tento falar aqui dos processos. Não é só pegar a tinta e pintar. Antes disso, existem milhões de cadernos e diferentes tipos de superfícies, coloridas, desenhadas e testadas. É um caminho em que só é possível andar com muita vontade, persistência e trabalho duro. É sobre lapidar a arte e depois mostrá-la para o mundo.
Adoro quando a arte transita em diversos meios e lugares. Ter a oportunidade de presenciar, ao vivo e a cores, um universo rico e tão cheio de possibilidades me encheu de encantamento e alegria.
“Com quase mil itens, a exposição traduz muito do processo da inspiração, e da criação, e também da criatividade e consistência do trabalho que ganhou o mundo sem renunciar às
suas origens e influências culturais.” (texto retirado da exposição, com curadoria dos próprios irmãos)
Ao andar pelas galerias do CCBB pude observar que os artistas têm uma necessidade de criar a todo momento. Este processo torna o trabalho bárbaro e sem limites. O que eu mais gostei foi a forma como eles pegam pequenos objetos do cotidiano e transformam em arte. Um graveto pode carregar a pintura dos seus personagens. Lantejoulas são pregadas aos painéis e depois repintadas, deixando uma textura super especial. Molduras de quadros antigos são ressignificadas com novas obras, conferindo um frescor e modernidade ao material, mas sem perder o respeito à trajetória do mesmo.
Caminhar entre todos os materiais da exposição é como ter a oportunidade de, por um momento, sermos convidados a participar do mundo deles. As referência são muitas: podemos ver o hip hop, a moda, a família e, principalmente, São Paulo. Vemos nitidamente a cidade ser retratada e repintada aos olhos dos artistas, que transformam peças cosmopolitas em materiais exclusivos e coloridos.
Fica aqui o meu convite a todos vocês que moram em Belo Horizonte ou que podem nos fazer uma visita. Não deixem de desfrutar desta experiência. A arte tem que ser vivida com muita criatividade e ousadia. Que tal se entregar ao mundo mágico dos GEMEOS e sair inebriados de tanta alegria? É sobre se permitir a pensar colorido!
Forte abraço,
Sânia Fagundes
Dupla genialidade!!