“A alma resiste muito mais facilmente às mais vivas dores do que a tristeza prolongada. ”
Jean Jacques Rousseau
Fui convidada pela curadora Fátima Mirandda, juntamente com mais vinte artistas, para fazer uma releitura do quadro “O grito” de Edvard Munch.
A obra representa uma figura andrógena em um momento de profunda angústia e desespero. O plano de fundo é a doca de fiorde de Oslo, ao pôr do sol. Sua visão pessimista da vida era transmitida em cores ousadas e linhas fortes, antecipando o movimento expressionista. Essa obra evoca uma melancolia poética, caracteristicamente profunda e tão bem trabalhada.
Foi um imenso desafio fazer com que minhas pinceladas passassem um pouco da história de Munch, junto com a ideia de coletividade que quis imprimir no meu quadro. Usei cores fortes e intensas e trabalhei com um fundo composto por figuras geométricas difusas e confusas para retratar a dramaticidade do tempo atual.
Estamos vivendo momentos sombrios, mal conseguimos nos livrar de uma pandemia e estamos com a guerra a nossa frente. Mas muitos podem falar que a guerra está bem distante de nós. Ela pode até estar bem longe, mas estamos sentindo todos os impactos. Todas as pessoas que estão nesse mundo sofreram e sofrem com os efeitos nocivos de um vírus que chegou para mudar tudo: hábitos, costumes e rotina foram alterados sem o mínimo aviso prévio. A vida se transformou e fomos obrigados a viver de uma nova maneira.
Não pude deixar de retratar várias pessoas diferentes, todas partilhando do mesmo sentimento de angústia e desespero. Um coro universal que foi imposto em que o pano de fundo pode ser qualquer lugar habitado por pessoas. Mundo esse que grita de desespero e depressão.
Só tenho a agradecer a Fátima Mirandda e a Casa dos Contos por me proporcionarem tamanho desafio. Foi libertador colocar tantos sentimentos em um quadro de 70X 70cm. Utilizei tinta acrílica e técnica mista para fazer essa obra. A exposição vai ficar até dia 30 de maio na própria Casa dos Contos. O endereço é rua Rio Grande do Norte, número 1065, na Savassi, em BH. A visitação é gratuita, conto com a presença de todos vocês lá. Depois me contem suas impressões!
Não posso deixar de me alegrar pois já é a minha terceira exposição coletiva desse ano. Não tenho mais controle sobre os meus quadros, o que me enche de orgulho e satisfação. Acredito que a obra de arte tem que ser vista e apreciada de forma acessível. Essa é a minha missão, espalhar arte e cultura por todos os lugares desse mundo. Seguimos caminhando com muita fé por aqui!
Forte abraço,
Sânia Fagundes
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