“Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se
faz sem abertura ao risco e à aventura do espirito”
Paulo Freire
Adoro escrever no caderno com diferentes tipos de canetas! Será que posso me considerar um dinossauro? Entendo perfeitamente que estamos vivendo em uma era de transição. Os meus alunos assistem aula com um computador na mão, o que torna a aula mais dinâmica. Mas por que é importante escrever com papel e caneta?
É comprovado cientificamente que, quando escrevemos à mão, conseguimos reter mais o conteúdo.
Recentemente vi uma pesquisa publicada na BBC que traz os seguintes aspectos:
"A neurocientista Claudia Aguirre, que mora na Califórnia, diz que quanto mais e mais
pesquisas sustentam a ideia de que escrever letras em cursivo, especialmente em
comparação com digitar, ativa caminhos neurais específicos que facilitam e otimizam o
aprendizado e o desenvolvimento da linguagem.
[...]
Ela identificou que aprender as letras por meio da escrita à mão ativa redes do cérebro que não são ativadas pela digitação num teclado. Isso inclui áreas cerebrais que têm papel crucial no desenvolvimento da leitura.
Outra pesquisa, de autoria de Virginia Berninger (Universidade de Washington), também mostrou que a escrita cursiva, os materiais impressos e a digitação usam funções cerebrais relacionadas, porém diferentes.
Além disso, no caso da digitação em teclado, os movimentos do dedo são os mesmos para qualquer tecla de letra. Como consequência, se apenas aprenderem a digitar, as crianças perderão a chance de desenvolver habilidades obtidas ao compreenderem e dominarem a capacidade de escrever.
Um pequeno estudo italiano aponta que o ensino da cursiva a alunos de primeiro ano podem melhorar as habilidades de leitura.
[...]
Em meio a tantas diferenças globais, as pesquisas ressaltam que não há lado negativo em aprender letra cursiva. E embora a ligação entre escrever à mão e melhorar a leitura não sejam necessariamente causais, alguns educadores temem que o abandono da letra cursiva pode piorar o desempenho de alunos em sua capacidade de ler textos."
Você pode ler a matéria completa clicando aqui.
Quando li este texto, pensei em muitas coisas. Para além da vida acadêmica e escolar, sempre defendi a importância de ter um caderno de anotações. Eu particularmente uso vários: tenho meus sketchbooks de desenho, que uso para estudar os traços, cores e formas. Tenho meus cadernos de escrita, que uso para desenvolver meus textos, colocar meus ensaios e sinopses de livros. Tenho meu caderno de viagem, que uso para registrar os momentos dos passeios, guardar recordações. Tenho meu caderno de receitas, onde registro com cuidado cada ingrediente. Tenho meu caderno dos sonhos, onde coloco minhas metas de vida, minhas auto reflexões e minhas elaborações pessoais. Em todos estes cadernos, escrevo com letra cursiva.
Pra mim, escrever à mão me deixa livre. Ao deixar a caneta passear pelo papel, as ideias vão surgindo com mais facilidade e o registro fica para sempre. Quando tenho tarefas, gosto de escrever minhas listas e riscar os itens concluídos. Isso me da um prazer imenso.
Escrever à mão, me dá a ideia de deixar um legado para o mundo, contribuir com minhas percepções de alguma forma.
Mas sei que o mundo está em transição e entendo que o novo também vem pra facilitar. Tenho um tablet e um celular, que uso muito. Além do meu notebook, que é um ótimo instrumento de trabalho onde, inclusive, escrevo os posts do blog.
As telas não precisam acabar com o papel, é possível digitar e escrever com letra cursiva. Preencher páginas e apertar teclas. O importante é coexistir em harmonia e entender que tudo tem espaço e importância.
E você? Tem cadernos ou já migrou totalmente pro digital? Me conta aqui, que eu vou adorar saber.
Forte abraço,
Sânia Fagundes
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