"A arte é a minha forma de conhecimento do mundo" Lygia Page
No último sábado, eu estava com uma preguiça danada. Meu plano era ficar em casa com as pernas para cima, sem pensar em nada. Em algum momento, recebi uma mensagem da minha amiga e colega de profissão Thaíssa Trancoso me chamando para desenhar. Pesquisamos o lugar e não tivemos dúvidas quando descobrimos que estava rolando o Cura (Circuito Urbano de Arte).
Pra quem não sabe o que é o Cura, vou deixar a explicação que tirei do próprio site do evento:
"O CURA – Circuito Urbano de Arte é um dos maiores festivais de arte pública da América Latina. Desde a primeira edição, em 2017, carrega um compromisso com a democratização da arte e transforma espaços urbanos em galerias a céu aberto, convidando a comunidade a interagir com obras de grande impacto artístico. Os murais, que incluem a maior coleção de arte pública indígena do mundo e as obras mais altas pintadas por mulheres na América Latina, celebram a ancestralidade e a diversidade cultural."
A Tatá já tinha combinado com um amigo para nos encontrarmos lá. Ao chegar, fui apresentada a ele, Thiago Costa, que também é professor de desenho e pintura.
O ambiente já me convidou a entrar no mundo da arte: eram várias pessoas, tendas com atividades, música, banquinhos pra senta, redes, enfim, uma festa. Tudo isso era para passar o tempo vendo os artistas convidados pintarem seus murais nas empenas que podiam ser vistas da Praça Raul Soares, carinhosamente chamada de Raulzona.
Andamos pelo ambiente procurando algo para desenhar e escolhemos uma construção cinza que nos chamou a atenção. Já nos acomodamos e soltamos a linha no papel. Nem chuva atrapalhou: esperamos passar e voltamos para o mesmo ângulo.
Para além do evento, da imersão e dos desenhos, a professora de arte que habita em mim observou algo lindo: Tatá havia levado conosco, seu filho de 6 anos. Ele poderia ter ficado com o pai, curtindo as atividades da praça. Mas, para a minha surpresa, pediu papel e lápis e se pôs a desenhar. É muito bonito ver uma criança imersa no mundo da arte de uma maneira tão despretensiosa! A arte conecta gerações!
Em algum momento, as cores do céu me chamaram a atenção e eu vi uma surpresa: uma linha fina conectava dois prédios, lá no alto. Sobre essa linha, que depois descobri ser um slackline, vi duas pessoas. Uma delas andava normalmente e outra balançava em uma rede, ambas penduradas a vários metros de altura e tendo a oportunidade de ver uma vista de tirar o fôlego. Isso também é arte!
Desenhei mais um pouco e finalizei as ilustrações. Depois, assinei meus trabalhos, me despedi dos meus colegas e fui embora com um sentimento de que estou no lugar certo.
Participar desse tipo de evento me faz reverenciar Belo Horizonte e pensar que tenho a sorte de estar em um lugar onde eu posso comungar com a arte até mesmo em praças públicas.
E você? Já prestou atenção nas empenas e nos murais da sua cidade? Me conta aqui, que eu vou adorar saber.
Forte abraço,
Sânia Fagundes
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