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Foto do escritorSânia Fagundes

Aleijadinho: esculpindo a história de Minas

“Criatividade requer coragem. ” Henri Matisse


Fui passear em Congonhas e voltei extasiada com a magnitude das obras de Antônio Francisco de Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho. O artista foi um importante escultor, entalhador, carpinteiro e arquiteto, que retratou o Barroco de uma forma magnífica. Quanta beleza entalhada em suas criações! São esculturas belíssimas que ajudam a contar a história de Minas Gerais.

Fico aqui pensando como seria se por um segundo ele pudesse voltar e ver que agora o seu trabalho é reconhecido. Como ele aprendeu o oficio com o pai, que era carpinteiro, e não teve acesso à educação, alguns chegaram a menosprezar suas obras. Será que é preciso ganhar prêmios ou estudar em escolas renomadas para se obter sucesso? Será que o processo de criação tem formula ou caminho? Fica aqui o meu questionamento.

Acredito que por se tratar de arte, essa classificação fica um pouco mais subjetiva. O que podemos visivelmente constatar é que ele aprimorou sua técnica e seu olhar sobre a escultura com muito trabalho, estudo e força de vontade. E como ele praticou! Não é qualquer artista que dispõe de tantas obras que se aproximam da perfeição e que são repletas de expressividade.

Surpreende quem as observa. Fiquei encantada!

Entre os trabalhos mais conhecidos estão “Os 12 profetas”, obras esculpidas em pedra-sabão, e “O santuário de bom Jesus de Matozinhos”, composto de 66 imagens esculpidas em madeira de cedro. Agora, sua obra é considerada um dos patrimônios culturais brasileiros.

E pensar que ele não pôde assinar suas esculturas nem os livros de registro de suas obras. Em decorrência do preconceito, será? Ou pelo fato de ser afrodescendente? Ou pelo fato de não ter frequentado uma faculdade? Qualquer que seja o cenário preconceituoso onde isso se construiu, foi uma grande perda para a história da arte não poder catalogar com precisão este acervo. O que mais me impressiona é que ele continuou trabalhando e aprimorando cada vez mais o seu ofício. Até mesmo doente, não se sabe se foi acometido por lepra ou sífilis, com os pés e as mãos comprometidos ele continuou a sua missão de transformar pedra sabão em arte.

O que nos resta fazer é visitar, agradecer e ficar imensamente gratos a este artista que deixou o nosso estado tão lindamente ornamentado. E você, já foi em Congonhas visitar as obras de Aleijadinho? Eu recomendo. É um passeio delicioso.


Forte abraço,

Sânia Fagundes

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